Currículo: Políticas e práticas
Resenha do livro: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículo:
Políticas e práticas. Editora Papirus, 13 ed, 2011.
Numa nova concepção
educacional postulada por Paulo Freire, que diz: “ninguém educa ninguém, nem
tão pouco ninguém educa a si mesmo” e é diferente do pensamento anterior onde o
professor era o transmissor de informações e o aluno receptor desses conteúdos,
vemos o importante conceito de uma educação colaborativa e participativa, onde
o educador é o agente facilitador e constrói o conhecimento junto ao educando e
proporciona seu protagonismo e autonomia.
Incluso nesse novo contexto, e
condicionado a ser um contribuidor dessa educação participativa, o currículo
escolar corrobora de forma pertinente e exerce um papel significativo de modo
não tão somente a fixação dessa formulação em palavras teóricas, e sim em sua
praticidade.
No livro Currículo: Políticas
e práticas, do autor Antonio Flavio Barbosa Moreira (2011), o autor de forma
inteligente faz uma abordagem crítica e levanta sugestões e possibilidades para
que as políticas e práticas curriculares que estão associadas ao neoliberalismo
possam subverter em caminhos diferentes do atual.
Para isso, com uma proposta de
leitura fácil e bem elencada expõe nessa obra uma compilação de tópicos
abordados por doutores em educação das mais conceituadas universidades mundiais,
que discorrem e contribuem através de temas que pretendem descentralizar o
sistema educacional pautados em valores como eficiência, produtividade e
competividade, e transforma-lo em construções solidárias cooperativas e
participativas.
Com o foco no currículo, os
autores trazendo experiências práticas e bem fundamentadas, propõe a quebra da
visão ótica oficial, que traz a educação qualitativa e de âmbito econômico;
centralizada no aluno, professor e instituições escolares; e construídas por
supostos especialistas. Propondo assim o currículo a ser formulado de maneira
coletiva e democraticamente, e apresentando valores pautados no respeito
individual, das realidades vivenciais e situações contextualizadas.
A estruturação desse
importante livro se dá em nove tópicos de assuntos, que de forma consistente e
auxiliador perpassa e justifica o tema abordado.
Antonio Flavio Moreira e
Elizabete Macedo apresentam um Brasil influenciado nos anos 60 e 70 pelo
sistema de currículo americano, e nos anos 90 andando em criticidade desse
método e adaptando se a realidade nacional, pois reconceituou se a
transferência educacional que envolvia a globalização, hibridização cultural e
cosmopolitismo.
Sequencialmente, a doutora
Maria Candau trazendo clareza e organização aborda as reformas educacionais em
processamento na America Latina, expondo sua associação a projetos políticos e
perspectiva neoliberal, propondo a necessidade de outros focos e reformas, que
possua suas bases em qualidade de educação, participação da comunidade,
descentralização do financiamento e administração e outros significativos
alicerces.
Na abordagem de Elizabete
Macedo, traz se os temas transversais aplicados nos currículos, desenvolvendo
uma perspectiva diferente, porém ideal para o debate e contraproposta original,
argumentando que esse tema estabelecido no PCN para currículos, pode apresentar
a problemática da ênfase e o foco estarem somente centralizado no âmbito
social.
Ainda nesse importante tema,
mas abordando a pluralidade cultural o livro apresenta na abordagem da doutora
Aline Lopes, que analisa os documentos dos PCNs, uma reflexão e crítica bem
fundamentada, pois mostra que essa perspectiva limita se a diversidade ética e
isso o tornam um tanto que conservador não atingindo outras vias pertinentes
nesse assunto.
Na riqueza de tópicos desse
livro agregador, Moreira analisa o multiculturalismo na perspectiva e visão dos
cursos de formação docente, explicitando experiências obtidas no exterior,
defendendo esses parâmetros na formação de professores e instruindo e alertando
para riscos teóricos e práticos relacionados ao tema.
Por fim nos quatro tópicos
subsequentes Franco e Sztajn direcionam seus artigos em políticas de formação
continuada de professores de ciência e matemática, Cavaliére aborda projetos
desenvolvidos em escolas publicas, Arroyo discorre sobre experiências de
inovação educativa e Kramer se preocupa com alternativas ao estilo de planejar
e programar currículos.
A problemática e discussão do
currículo apresenta se na dinâmica cultural e política da sociedade, a inovação
consiste em redefinir saberes escolares, mudar concepções e desenvolver
consciência critica dos professores, através de conversas entre os autores para
definir culturas, formular políticas, pesquisar e teorizar.
Segundo o livro, a experiência
e dinâmica em sala de aula precisam possuir mais diálogos, entendendo e
observando valores e diversidades dentro da coletividade.
Saber que a ação humana e
cultural é que precisa estar por traz da ação educativa, e assim dão subsídios
e estruturas aos conteúdos e programas curriculares é fundamental.
Em suma, o livro desperta a
necessidade de o professor ter acesso ao conhecimento educacional e cultural,
repensando sua prática e reconstruí-la como cidadão atuante como sujeito da
produção do conhecimento.
Autores:
Amarildo de Jesus Valencio e Rosangela Batista Louredo. Graduando em
Licenciatura de Química - LQ2015.
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